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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Esqueça Rolagem

Quem começa a fazer venda coberta de opção sem um método definido, sem um plano, acaba inventando uma forma de tentar se safar do prejuízo em vez de assumi-lo e stopar a venda.

O nome que deram para isso foi "rolagem". 

Isto é, o cara vende uma opção por 0,40 cents. Aí ela vai a 1,20. Em vez de ele zerar e assumir o prejuízo e analisar onde errou para não fazer o mesmo na próxima venda, ele recompra e imediatamente já vende outra opção da série seguinte, por uns 1,50.

Na cabeça dele, ele acha que está no lucro:

- perdeu 0,80 na primeira opção (0,40 - 1,20)
- vendeu a segunda por 1,50

...ele então faz a conta: -0,80 + 1,50 = +0,70 -> 'estou positivo!' (nossa!)

Aí vai rolando sucessivamente até conseguir sair da operação recomprando mais barato. Neste caso, digamos que o valor caia para 1,00 e ele zere a operação:

+1,50 - 1,00 = 0,50

Ele fica feliz, diz que rolou uma vez e saiu no lucro.

Mas, que lucro ???

Perdeu 80 cents na primeira venda, ganhou 50 na segunda: ficou negativo em 0,30. 

Eis o primeiro erro, ao rolar a pessoa está se enganando, achando que por ter saído positivo (na última operação), então ele ganhou 'a venda'.

Aí reside o segundo erro: quando fechou a primeira venda, ela já morreu, se foi negativa perdeu. 
Não importa se você abriu outra venda 30 segundos depois ou 1 semana depois, sempre será OUTRA venda.

Nesse exemplo eu coloquei apenas 1 rolagem, mas há pessoas que ficam rolando o ano inteiro, vencimento atrás de vencimento. 
Esquecem que uma operação de venda aberta, é uma dívida com o mercado. 

Se na primeira vendeu por 0,80 cents, então abriu uma dívida neste valor. Se zerou a 1,50 não importa o que ele faça depois, ele PERDEU 0,40.

Por isso, para quem tá começando a fazer venda coberta, faça um plano, venda OTM e comece pequeno.

Sem plano = vai fazer tudo no impulso e acabar rolando
Se não vender OTM = vai passar calor quando a operação for contra e acabar rolando
Se operar grande = vai ficar ansioso, olhando toda hora, estressado e acabar rolando

Esqueça rolagem. Esqueça até que existe essa palavra. 

Rolagem é um apelido que deram para uma forma errada de operar venda de opção. 
Um jeito de não assumir que perdeu e que é mais esperto que o mercado.

sábado, 26 de maio de 2012

Um Guia para Investir

Em breve, uma entrevista com Cristian Tetzner, autor do mais novo guia sobre investimentos publicado no Brasil. Aguarde!
Enquanto isso, conheça o livro:


Os Segredos de um Investidor de Sucesso
Cristian Tetzner
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300 páginas de Ações, FII´s, Hedge, TradeSystem, Gestão de Carteira e muito mais!
http://www.bookess.com/read/12523-os-segredos-de-um-investidor-de-sucesso/
A cada novo dia, mais e mais pessoas iniciam sua aventura rumo à independência financeira, utilizando a renda variável sem o preparo adequado. 

Essa falta de preparo conduzirá a maioria para fora do jogo, sem grande espanto, antes mesmo de terem conhecido uma breve prosperidade.

Neste ambiente predatório sua participação deve ser eficaz e assertiva, evitando exposição excessiva e atuando com pleno conhecimento de suas habilidades; deve-se minimizar os erros e precocemente cessar seus efeitos nocivos ao crescimento do patrimônio acumulado.

Não basta estar atento só ao mercado, você deve lembrar que é o motor do processo e que precisa cuidar de seu bem estar, de sua saúde física e mental; lembre-se também que existe uma família ao seu redor e que ela sentirá o resultado de sua atuação neste meio.

Cuide de si, daqueles que estão próximos e dos seus investimentos de uma forma saudável e próspera observando sempre os melhores retornos e os menores riscos envolvidos em cada atitude tomada.

Muito estudo, muita simulação, técnicas de controle de risco e diversificação, somados a muitos anos de prática e teoria, trouxeram de volta além do capital que se foi, muito conhecimento acumulado.

Este material não é um curso rápido do tipo “Aprenda Bolsa de Valores em 24 horas” ou “Fique Rico com a Bolsa”, mas sim o Guia que eu gostaria de ter encontrado há 15 anos quando comecei a investir.

Livro do Tetzner - Os Segredos de um Investidor de Sucesso
http://www.bookess.com/read/12523-os-segredos-de-um-investidor-de-sucesso/
300 páginas de Ações, FII´s, Hedge, TradeSystem, Gestão de Carteira e muito mais!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O Caso Facebook


Muito tem se falado sobre a queda das cotações do Facebook.inc (NASDAQ:FB) logo depois de ter aberto capital. O famoso IPO (oferta pública de ações) do Facebook, acabou virando motivo de piada para muitos, já que suas ações foram vendidas inicialmente acima dos 40 dólares e hoje fecharam a 33,03.

Já saiu até notícia de que investidores estariam querendo abrir processo por se sentirem enganados.

Vamos ao que interessa, seja Facebook, ou qualquer outra empresa:

NÃO vale à pena entrar em IPOs:

1 - Se você não entrar no IPO, isso não te impedirá de comprar a ação em qualquer outro dia. Pra que sair correndo na frente, isso não é uma maratona.

2 - Ao abrir capital, não temos histórico de balanços da empresa. O IPO acaba sendo uma grande aposta e mesmo assim, se você quer apostar, vale o item 1 acima.

3 - Também não há histórico de preços, então até para fazer um trade não faz muito sentido, já que você não tem qualquer formação gráfica que sugira alta ou baixa na ação.

4 - Quem garante que não abriram com um preço acima do valor real? Por que arriscar pagar mais caro na reserva inicial? A questão é que quando você se propõe a participar do IPO, você informa para sua corretora quanto dinheiro você deseja aportar inicialmente na empresa, mas você não sabe qual será o preço inicial, sabe apenas o total que pagará. Portanto, por mais que queira ser sócio de tal empresa, espere o primeiro dia da euforia da oferta passar e só depois avalie sua entrada.

Sendo assim, tanto faz se foi o Facebook ou qualquer outra empresa. IPO acaba virando piada na maioria das vezes.

domingo, 20 de maio de 2012

Deixe a Política Fora da Bolsa

Costumo dizer que:
- Empresas boas sobrevivem à qualquer governo
- Empresas ruins quebram em qualquer governo


Ou seja, quando você decide ser sócio de uma empresa, o que importa mesmo são os resultados dela. Perder tempo criticando a competência (ou a falta dela) de gerenciar uma empresa não irá deixa-lo mais rico. O que irá aumentar seu patrimônio é ser sócio de empresa que dá lucro.

Se uma empresa tem gerência direta do governo e você detesta isso, simplesmente não seja sócio. Mas leve em conta o fato que a grande maioria das empresas grandes tem alguma participação direta ou indireta do governo, seja através de fundos de pensão, ou do BNDES, etc. Se pesquisar a fundo, olhar a composição societária, é bem capaz de você ter que investir apenas em small caps se quiser evitar totalmente qualquer participação pública.

Mesmo assim, tendo apenas small caps, você poderá correr o risco das "panelinhas" dentro da empresa como cargos destinados à parentes de participantes da diretoria, indicações por interesse e não por competência, etc... os mesmos problemas que podem surgir em empresas com participação da administração pública.

De uma forma ou de outra, uma empresa que tem o governo como sócio possui um risco de falência muito reduzido e isso é uma vantagem a despeito de qualquer preconceito ou conceito...

Finalizando, mesmo que muita gente esteja com a razão de usar a tão falada "ingerência do governo", o que importa é o lucro líquido na história da empresa, a posição da empresa em seu respectivo negócio, sua margem de lucro, sua rentabilidade e sua solidez. Uns podem dizer "se não fosse do governo seria melhor". Só que o "se" não importa na bolsa.

Por isso tudo, quando for selecionar sua próxima empresa para entrar na sua carteira de investimentos, deixe a política fora da bolsa, o que importa são os balanços anuais.
 

sábado, 12 de maio de 2012

Dados Isolados Não Importam

Quando um investidor decide formar uma carteira de longo prazo, ele tem em mãos diferentes dados para fazer suas análises e verificar se as empresas que ele deseja ser sócio realmente devem entrar para o seu portfolio.
Alguns dos dados mais comentados tanto por iniciantes quanto por profissionais são preço atual da ação, receita da empresa, a relação preço/lucro, o valor patrimonial por ação e a taxa de distribuição de dividendos.
Todos esses e outros, geralmente são interpretados de forma errada. 

Existem investidores que olham para uma empresa que tem uma receita gigantesca e já acham que é lucro certo porque ela vende muito, outros acreditam que somente ter altos dividendos bastam para que a empresa seja a ideal. Há os que olham apenas para o famoso P/L, determinam um valor e pronto: "com P/L abaixo de 10 eu entro forte".

Infelizmente não é tão simples assim, dados isolados não importam para a análise. Os dados acima, por exemplo, quando analisados isoladamente podem até levar o investidor a escolher empresas ruins:

- Preço:
O preço sozinho não quer dizer nada, só porque determinada empresa custava 12 reais há 3 anos atrás, não significa que por estar custando 4 reais agora, é hora de comprar. Nesses 3 anos tudo pode ter acontecido, a empresa pode ter duplicado suas dívidas, pode estar dando prejuízo. Se olhar apenas o preço da ação negociado atualmente, correrá o risco de comprar lixo.

- Receita:
"Tal empresa é a maior vendedora do seu segmento no mundo. A receita é gigantesca" - E daí? De que adianta se a empresa vender muito mas não conseguir um lucro decente ou pior, conseguir dar prejuízo. Se a receita for imensa e o lucro não está aparecendo, tem que ver se ela não tá gastando demais, dando bônus demais para diretoria, doando grana demais para campanhas políticas, etc. Receita grande sozinha não quer dizer nada.

- P/L - relação preço/lucro:
Essa é a variável mais famosa da análise de empresas mas, sozinha ela não importa. A divisão do preço pelo lucro por ação. Exemplo: se a ação A estiver sendo negociada por R$ 24,00 e o lucro por ação (normalmente anual) for R$ 3,00 então o índice P/L é 24/3=8.
Isto significa que o capital de R$ 24 investido na compra, será retornado em 8 anos desde que o lucro se mantenha o mesmo durante esse período. É aí que a maioria erra, os 'adoradores do P/L' esquecem que o lucro pode cair.

Outro erro é que, quem só compra ação com P/L baixo cria restrição às ações com P/L alto e desta forma deixam de comprar empresas fortes que mantém lucro crescente pelos anos ainda que o preço da ação suba de forma proporcional.

Ou seja, imagine que a ação B seja negociada por R$4,00 e seu lucro por ação é R$0,20 o que dá P/L = 20. Muitos deixam de fazer essa compra, achando ruim o retorno do capital somente em 20 anos. Porém, 12 anos depois a mesma ação está sendo negociada por R$40 e o lucro está em R$2. Isso resultaria no mesmo P/L=20, mas note que o capital investido nas ações multiplicou-se por 10 e a empresa teve um belo aumento no seu lucro, esbanjando saúde financeira ao multiplicar este lucro em 10 vezes.

Certamente os investidores nesta empresa estariam bem felizes por ter decuplicado a parte do patrimônio investido em B há 12 anos. A propósito, já comentei um exemplo de empresa que teve evolução semelhante - clique aqui para ler.

- VPA - valor patrimonial por ação:
Outro dado simples de ser verificado mas que sozinho não quer dizer nada é o VPA. Ele é o resultado da divisão do patrimônio líquido da empresa pelo total do número de ações emitidas. Ou seja, o valor real de cada "pedaço" da empresa. 

Teoricamente, se você compra uma ação por um preço abaixo do VPA, significa que você está aproveitando um desconto. Atenção para o teoricamente, pois se o mercado está precificando a empresa abaixo de seu valor uma das duas coisas está acontecendo: ou realmente uma ótima oportunidade apareceu ou o mercado percebeu que tal empresa realmente tem valor menor e portanto o VPA baixo seria um sinal ruim.
Desta forma, cuidado com "preço tá abaixo do VPA, é hora de comprar". Pode ser o contrário.

- DY - dividend yeld:
São muitos os textos que afirmam que investidores deveriam procurar sempre por dividendos altos. Se uma empresa tem sua ação custando R$60,00 e ela pagou nos últimos 12 meses R$2,00 por ação de proventos isso resultará num dividend yeld de 3,33% (2/60). Algumas pessoas abrem mão de várias empresas boas pelo simples fato de não ter um DY que lhes agrada.

Mas, faça o seguinte exercício, imagine duas empresas A e B. Um investidor aloca 100 mil em A com DY de 5%. Outro investidor coloca os mesmos 100 mil em B sem se importar com outros dados da empresa só prestando atenção em um DY de 10%. Com DY se mantendo igual no outro ano, o primeiro recebe 5 mil em dividendos e o outro 10 mil. Porém, anos depois o lucro da empresa A está 8 vezes maior,  as ações seguem o mesmo ritmo, e o investidor de A recebe agora 40 mil reais. Enquanto isso, o investidor de B segue com lucros estáveis como no passado, em uma empresa que paga alto DY mas por ser defensiva tem pouco crescimento e ele continua recebendo 10 mil reais em proventos.

Esse exemplo mostra como o importante é uma empresa que evolua. Ter DY alto hoje não garante nada amanhã. Ter DY baixo, pode ser até uma vantagem, pois se a empresa distribui poucos dividendos ela pode estar usando o dinheiro para coisas melhores como investimento em novas tecnologias, etc.
Portanto, cuidado com as "dicas quentes" do tipo "ação tal está com P/L abaixo de 9", ou "empresa tal está sendo negociada abaixo do valor patrimonial", ou ainda "o negócio é encher a carteira daquela empresa que paga altíssimos dividendos"... Analisar empresas pode ser simples, você não precisa necessariamente ser um mestre em finanças e economia para formar uma pequena carteira pessoal para o longo prazo. Escolha empresas com lucros crescentes e consistentes, dívida baixa, rentabilidade e margem boas. Mas  não olhe nenhum dado isoladamente.

O pequeno investidor precisa se afastar da manada que acha que basta olhar um único número e pronto. Se fosse assim, virava renda fixa.