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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Quando o Gap Te Pega

Em outro post falamos sobre o erro de pensar que somente o stop serve como controle de risco. O stop é apenas a primeira linha de defesa do seu trade, mas ele não é a segurança definitva e dessa forma ele sozinho não significa controle de risco, é apenas uma parte.

Lembrei de um bom exemplo que mostra isso. Veja no gráfico abaixo, no período diário, o que um gap na OGXP3 fez com os investidores.

Na sexta-feira, 15/04/2011, depois de 3 dias de queda e um dia na leve indecisão, OGXP3 faz uma sinalização que parecia uma reversão, fechando praticamente na máxima do dia em 19,65.

Qualquer investidor que decidisse tentar um ganho na ponta compradora, certamente deixaria o stop um pouco abaixo de 18,52 onde o ativo mostrava ter um suporte interessante. Independente da análise se era mesmo ponto de compra ou não, vamos nos preocupar com a questão do controle de risco.

Dos tais 19,65 aos 18,50 (onde poderia ser colocado um stop), teoricamente a perda máxima seria os R$1,15 de diferença. O trader que afirmasse que R$ 1.200,00 seria uma perda que ele "aguentava", ou seja, o máximo de dinheiro que ele aceitava arriscar, ele compraria 1.000 ações e ficaria tranquilo.

Aí é que está o erro. Existe um mantra de que basta fazer esse tipo de cálculo para definir o número máximo de papéis de acordo com o tamanho do stop, que o operador pode ficar tranquilo. Isso é um  tipo de otimismo, pois dá a ideia de que o trader SABE o que VAI acontecer (mas não sabe).

OGXP3 diário - dez/10 a jun/11


O ponto de stop é o ponto onde você tem INTENÇÃO de sair para assumir o maior prejuízo que aceita. Mas, entre INTENÇÃO e o que ocorrerá de fato, há uma enorme diferença. Pois bem, neste exemplo, OGX abre na segunda-feira 18/04/2011 com gap de 16,04% a  R$3,15 abaixo do preço de fechamento, e aquele trader que imaginava perder no máximo R1.130,00 se tudo desse errado [fosse stopado (!!)] se vê com ativo abrindo extremamente vermelho num prejuízo de R$3.150,00 quase 3 vezes o que ele "aguentava" perder, e que provavelmente perdeu, pois numa abertura dessas, a maioria das pessoas tenderá a zerar logo a posição antes que caia mais ainda.

Não acontece todo dia, mas quem opera sabe que gaps são comuns. Um gap desses é um pouco mais raro, mas não o quanto possa ser classificado como um cisne negro. Como se proteger? Controlando o risco é a resposta, e esse controle não se dá apenas pelo tamanho do stop.

Levando ao extremo, o controle poderia ser dado pelo máximo de perda da ação, isto é, ela ir a 0,01 centavo e com isso o trade teria que ser feito com menos de 100 açoes. Concordo que a possibilidade seria ainda mais remota...

Vamos olhar o gráfico novamente: notem que lá embaixo tem um fundo com mínima em 15,92. O trader poderia não querer controlar o risco de ir a 0,01 por ser algo exagerado, mas poderia fazer a pergunta "e se acontece um enorme gap e o ativo busca aquele fundo?". A resposta definiria um controle de risco nada exagerado porém com boa proteção. Essa distância (19,65 - 15,92) de R$3,73 seria um bom número para definir quantas ações comprar para arriscar no máximo os tais R$ 1.200,00.

A decisão ficaria de comprar 300 ações, ainda que o stop setado está lá em cima em 18,52. E, nesse caso com o gap da segunda-feira, o trader não ficaria tão desesperado e mesmo zerando a posição perderia 1/3 do que a manada que calculou baseado naqueles R1,13 lá de cima.

E nem vamos comentar o que aconteceu com quem estava alavancado nesse dia...

Só o stop sozinho NÃO é controle de risco, só ele nem sempre salva.

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