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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Só STOP Nem Sempre Salva

É comum ouvir várias pessoas dizerem que operam de forma alavancada tranquilamente, pois afirmam que controlam o risco muito bem. Quando perguntamos como é feito esse controle, a resposta na maioria das vezes é "eu uso stop sempre".

Não há dúvidas que todo trade deve ter ponto de entrada, alvo, prazo (dependendo da operação) e ponto de saída de proteção (conhecido como ordem STOP).


A questão é que muita gente confunde o uso de stop achando que ele é suficiente para o correto gerenciamento de risco. Stop é apenas um elemento no gerenciamento de risco, na maioria das vezes o mais importante, mas nem sempre.

Gerenciamento de risco real, deve levar em
conta a seguinte conta: "quanto eu posso perder se tudo der errado? Se um avião for jogado de propósito por terroristas em um grande prédio nos Estados Unidos e as bolsas despencarem, quanto eu posso perder se houver um gap de 20% 'pulando' o meu stop ?", "o que faço se eu estiver vendido e a ação subir sem parar depois de um enorme gap de alta, seja lá qual o motivo?"

Não se pode aceitar se colocar numa situação de risco que poderá lhe quebrar.

Imagine uma ação XPTO3 que custa 10 reais. Você possui 50.000 de patrimônio, contando ações, renda fixa, dinheiro em conta corrente, etc. Como capital de risco, utiliza 20% para trades, isto é 10.000...

A princípio você não se importa em entrar em um único trade com todo o capital de risco e poderia comprar 1.000 XPTO3 colocando todos os 10 mil reais no trade.

Você tem um stop (definido seja lá por qualquer motivo) em R$8,00 o que lhe daria uma  perda de 2.000 reais (2,00 x 1.000 ações). Perda que representa 20% do capital de risco e 4% de todo o patrimônio.

No pior dos casos, se descobrem que a empresa XPTO tem sérios problemas financeiros que nunca apareceram, que caiu uma bomba na fábrica e acabou com tudo, ou sei lá o que, e as ações caem para a casa dos centavos, ainda assim você não teria grandes problemas ao perder todo o seu capital de risco. 


Agora, o que algumas pessoas fazem e deveriam evitar


O cara pede alavancagem para corretora. Compra 10.000 ações por 10,00 e põe stop em 8,00. Arrisca perder 20 mil reais, isto é, seu capital de risco e algum ativo colocado como garantia para a operação. Mas ele 'tem aquela certeza' de que o papel vai subir. Ainda assim, se "stopado", não quebraria.

Porém, acontece alguma coisa com a empresa XPTO, tanto faz o motivo, uma operação gigantesca e mal sucedida com dólar, por exemplo. Não importa. O mercado penaliza, e as ações despencam para algo em torno de R$1,00. As negociações entram em extenso leilão e quando voltam o stop já ficou para trás.

As tais 10.000 ações compradas por 10, agora custam 1 real. e continuam caindo lentamente. O cara "stopa" manualmente com muita tristeza, pois está 90 mil reais negativo. Ele entrega para a corretora todo o seu patrimônio de 50 mil reais (outras ações, títulos, CDBs, dinheiro em conta corrente) e ainda fica DEVENDO 40 mil reais. Se ele ganha 3 mil por mês, pode até pagar essa dívida em pouco mais de 13 meses (desde que possa dar todo o salário para a corretora e isso sem contar com os juros cobrados a.m.).

Como não é a maioria que pode entregar o salário todo, os juros não são baratos, e muitos que fazem isso nem possuem um patrimônio que podem entregar para abater tal dívida, tecnicamente esse 'investidor' está expulso da bolsa.

Portanto, cuidado com os mantras de que "tá com stop então tá tranquilo" e "alavancagem é legal". Basta uma, apenas uma ocorrência de um cisne negro para te quebrar. Nunca se coloque numa situação em que no caso de dar tudo errado você possa perder tudo e ainda sair devendo.

Quem quer ficar rico de um dia para outro acaba ficando bem mais pobre mais cedo ou mais tarde.

E quem quiser ver um exemplo de cotações despencando, pode lembrar de uma das histórias clicando aqui.

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