Páginas

domingo, 4 de março de 2012

Vender pra que?

Uma das questões clássicas de muitos investidores em renda variável, é quando vender suas empresas. Ou seja, uma pessoa compra um bom número de ações de um empresa, esta se mostra boa durante o tempo e seus fundamentos melhoram, consequentemente as cotações sobem, o investidor vê o capital crescer e se sente obrigado a vender para realizar lucro.

O fato é que não há qualquer obrigação do investidor vender tal empresa já que ela ainda é boa. O que devemos observar é que patrimônio não se vende, se acumula. Quando você decide montar uma carteira com boas empresas não há nenhuma razão em se desfazer dela, mesmo depois de anos, caso essas empresas continuem sendo boas.

O que chamamos de empresa boa é aquela que dá lucros ano após ano, possui dívida equilibrada, aumenta o patrimônio, a receita e possui margem líquida que dê uma proteção nos anos que a receita cai (geralmente anos de crise).

Tomemos como exemplo uma carteira composta por apenas 3 empresas bem conhecidas, Petrobras, Vale e Banco do Brasil. Imagine um investidor que no primeiro trimestre do ano 2000, exatamente há 12 anos (que nem é tanto tempo assim) montou uma posição de 30 mil reais, sendo divididos igualmente nas 3 empresas ficando desta forma (considerando as  cotações daquele período, descontada a inflação, dividendos e JCP).

Considerando a média do custo dos papéis no meses de janeiro, fevereiro e março de 2000:


- Vale = R$ 3,00 resultando 3.330 mil ações.
- Petrobras = R$ 4,00 resultando 2500 ações
- Banco do Brasil = R$ 2,30 resultando 4340 ações

Obviamente, para manter o crescimento da carteira os proventos devem ser reinvestidos. Para aumentar o tamanho dela recomenda-se que sejam feitos aportes os quais se forem mensais e regulares se tornam vantajosos por trazer menos preocupação se a bolsa está em alta ou está em baixa, fazendo com que o investidor não precise se preocupar com 'timing' de mercado.

Ainda que não tenha sido feito qualquer aporte além do reinvestimento em dividendos, o ganho de capital neste período seria excelente. Se tal investidor começou seu plano com 30 anos de idade, hoje aos 42 anos ele estaria com o seguinte patrimônio em ações, baseado nas cotações do último pregão (02/03/2012):

- Vale: 3300 ações x 43,21 =  R$ 142.593,00
- Petrobras: 2500 ações x 25,27 = R$ 63.175,00
- Banco do Brasil: 4340 ações x 28,60 = R$ 124.124,00

Total = R$ 329.892,00

Este valor só é importante quando o investidor decidir começar a usufluir dos frutos da aplicação, ou seja, em vez de reaplicar os dividendos ele passa a resgata-los e usar como parte de sua renda ou até mesmo como toda sua renda. Todos esses números mostram o poder dos juros compostos no longo prazo. Nesses 12 anos o patrimônio aumentou 11 vezes, poderia ter sido um pouco menos, ou ter sido mais, tudo dependerá de como foi gerenciada esta carteira.

Na verdade poderia ter sido bem maior essa evolução, se contarmos com os aportes para aumento de posição e, talvez se o investidor decidir, some-se a remuneração de carteira através da venda coberta de opções. Dois milhões de reais não seria nenhum exagero.

Portanto, considerando um retorno de dividendos por volta de 5% ao ano, o que para uma carteira de dois milhões de reais resultaria em 100.000 reais, que diluídos no ano resultam em R$8.300,00 por mês. Um belo complemento à aposentadoria.

Abrir a cabeça para o investimento em renda variável, entender o buy and hold, o crescimento do patrimônio através das ações, a remuneração do capital e, finalmente, o recebimento de proventos sobre seus papéis, pode significar uma mudança enorme no seu futuro.

É preciso esquecer essa toda essa balela dita por aí de que para começar é preciso muito dinheiro, parar com as comparações com a renda fixa e parar de achar que patrimônio deve ser vendido. Muita gente entende a compra de alguns apartamentos, o recebimento de aluguéis e posteriormente o fato desses apartamentos serem herança para os filhos. Com as ações é a mesma coisa, você vai comprando, acumulando, até que chega um ponto onde você recebe os frutos e depois deixa essas ações para os filhos como herança.

A única preocupação que se deve ter é a saúde das empresas no longo prazo: deixou de ser boa, vende as ações e compra de outra empresa ou dilui nas outras que já tem em carteira. Do mesmo jeito que um apartamento pode deixar de ser bom porque a rua ou o bairro se tornou violento ou algum outro problema surgiu. Vende o apartamento e compra outro em outro lugar.

Se a decisão pessoal for comprar ações para esperar a valorização e depois disso realizar o lucro, fazendo então um trade (não importa o tempo, seja 1 dia ou 1 década), entende-se perfeitamente a venda dos papéis. Fora isso, se a ideia era ser sócio de determinadas empresas para formar patrimônio, fica a pergunta para refletir: vai vender suas ações pra que??

Um comentário:

  1. Parabéns!! é isso ai, se outros fizessem as contas que você fez, teriamos mais investidores e mais riqueza.

    ResponderExcluir

Partipe!